José Carlos de Vasconcelos descreveu a escritora como “uma pessoa de enorme generosidade, que congregava amigos por todo o mundo. Era uma figura extraordinária”. Destacou ainda a “paixão, devoção e constante homenagem de Nélida à língua portuguesa”. Guilhermina Gomes recordou que, “para além de minha autora, grande amiga e referência na minha vida”, o sorriso era apanágio de Nélida. Para Antônio Torres, “Nélida era uma das pessoas mais encantadoras que conheci, uma mulher extraordinária”.

A última Mesa desta edição decorreu durante a tarde. Pedro Eiras, Sandro William Junqueira e Onésimo Teotónio Almeida foram os participantes da Mesa 10 do 24.º Correntes d´Escritas, moderada por Maria Flor Pedroso. A frase “Escrevo para a posteridade do que é nada”, do poema “Posteridades”, de Ana Luísa Amaral, deu o mote às três intervenções. Mais uma vez, a emoção tomou conta do palco e da plateia com os três escritores a relembrarem a vida e obra de Ana Luísa Amaral.

Pedro Eiras questionou: “o que é a posteridade?” Segundo o autor, os livros, depois de editados, são enviados para o desconhecido. “Sai das nossas mãos e, a partir daí tudo pode acontecer. Não é assustador?”. Já Sandro William Junqueira afirmou que a sua memória trabalha como um cavalo desgovernado, “salta muros e vedações, deixando-me apeado e sem saber o que a levou”.

Onésimo Teotónio Almeida, como é tradição, encerrou o Encontro Literário. “Este verso da Ana Luísa foi escrito a pensar em mim, de certeza, e apenas por delicadeza, certamente, não mo dedicou”, brincou Onésimo. “A questão da posteridade é mais séria do que a minha finitude. Já pensaram na porcaria que legaremos aos vindouros? Uma herança descrente na modernidade”. Para Onésimo Teotónio Almeida, os poemas de Ana Luísa têm “posteridade garantida”.

Este último dia de Correntes d’Escritas contou ainda com o lançamento de vários livros e uma revista. Foram eles: Ó Monstro, Já Vens?, de Adélia Carvalho e João Madureira; Outro Natal, de Raquel Patriarca e Paulo Pimenta; Sardinha, de Helder Luís; Revista Palavrar; Histórias Inacabadas de Camilo Castelo Branco – 6 contos acabados por Francisco Duarte Mangas, Julieta Monginho, Lídia Jorge, Mónica Baldaque, Nuno Júdice e Viale Moutinho; Querida Cidade, de Antônio Torres; Trombeta Vaga, de Simão Lucas Pires, que se juntaram a outros três apresentados ontem à noite: Caderno Íntimo da Ausência, de José Alberto Postiga; Casa e Logradouro, de Aurelino Costa e Como um Segredo na Boca do Universo, de José Luiz Tavares.

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