Aproveitando a sua presença, o rei colocou-lhe a mesma questão e o intelectual respondeu-lhe que o único homem que lhe poderia responder era um santo que vivia longe dali, mas que era muito velho, pelo que teria que ser o rei a visitá-lo. Este assim fez e foi visitar o santo a quem perguntou o que era a Paz. Sem dizer uma palavra, o ancião entregou ao rei um grão de arroz. Espantado, mas respeitando a sabedoria do santo, o rei não teve coragem de lhe perguntar o significado daquele gesto. No seu palácio, o rei colocou o grão numa caixa dourada e todos os dias olhava para ele e se questionava, sem nunca achar uma resposta, até que o intelectual voltou a passar pelo seu reino. Ansioso, o rei perguntou-lhe se ele saberia o que queria dizer aquele grão de arroz. “É simples” – explicou o intelectual –  “se continuares a guardar este grão de arroz nesta caixa, ele vai acabar por apodrecer um dia, por mais protegido que esteja, mas se o semeares, ele transforma-se numa planta e dá origem a um campo de arroz, que podes dividir por todos e assim é a Paz, se a encontrares e guardares no teu coração, nada acontece, mas se a partilhares com os outros, ela cresce e espalha-se”.  

Esta simples história, cheia de significado, era uma das preferidas de Mahatma Ghandi e ontem o seu neto, Arun Ghandi, teve a alegria de a partilhar com as centenas de pessoas que se reuniram no Pavilhão Municipal para a festa do Encontro pela Paz, que está a decorrer na Póvoa, até final de Janeiro.

Este ano, Arun Ghandi é o convidado de honra deste encontro e ontem – como afirmou – “estou aqui para partilhar convosco o grão de arroz que o meu avô me deu, esperando que também o partilhem e que o não o deixem morrer”.

A festa do Encontro pela Paz fez-se também com música e dança, numa belíssima conjugação da actuação dos jovens bailarinos da Gimnoarte e o concerto de Pedro Khima, que a par de temas mais conhecidos, avançou já algumas novidades do próximo álbum.

No Pavilhão reuniram-se escolas, associações e público em geral que, no fim da festa, encheram de flores brancas a Taça da Paz e preencheram ainda mais os ramos da Árvore das paz com mensagens de boa vontade. O mau tempo não permitiu a realização do cordão humano, que deveria ter levado todos os participantes num desfile solidário pelas ruas da cidade até à Praça do Almada.

Presente no evento, o vereador Luís Diamantino, saudou os dez anos de existência desta iniciativa agradecendo a colaboração de todos e lembrando que “o Encontro pela Paz é um encontro que tem como base de sustentação todas as pessoas que nele trabalham e não a Câmara Municipal, que se limita a dar o seu apoio incondicional, reconhecendo a importância do papel dinamizador da sociedade civil”.

O Encontro prossegue agora no dia 17 com o muito aguardado “Seminário pela Paz”, às 21h30, no Novotel Vermar, que terá Arun Ghandi como orador. A entrada é livre.

A 31 de Dezembro, minutos antes da passagem do ano, a organização apela para que todos façam um minuto de silêncio, onde quer que se encontrem. No dia seguinte, já em 2009, pelas 16h00, serão lançadas ao mar as flores brancas que foram sendo depositadas na Taça da paz ao longo do Encontro. Finalmente, no dia 31 de Janeiro, no Diana Bar, às 21h30, será lançado o livro dos dez anos do Encontro pela Paz e será inaugurada a exposição de fotografia “10 anos Unidos pela Paz”.