Todos os escritores foram unânimes na negação da proposição que lhes foi apresentada. Afirmando que “eu não sou os meus livros”, Ivo Machado revelou que “assusta-me passar nas livrarias e ver um livro meu”. O autor reconheceu que está naquilo que escreve e confessou que até “gostaria de ser os meus livros para estar além da verdade e da mentira”.

valter hugo mãe afirmou que “tenho tendência para achar que nunca parto para um livro para falar sobre mim” mesmo tendo a “noção que um livro depois de escrito passa a fazer parte da minha biografia”. “Eu não estou nos meus livros, quando muito os meus livros estão em mim”, acrescentou. O escritor disse ainda que “na minha consciência não consigo abranger a plenitude de tudo o que escrevo”. Sabemos o que sabemos e temos obrigação, como escritores ou artistas, de procurar saber o que não sabemos. E a este propósito, declarou “tento fazer luz na escuridão procurando conhecer o que não sei”. valter hugo mãe referiu-se também à contingência da literatura segundo a qual o texto é sempre muito mais brilhante do que o seu autor. O autor é mortal e a obra eterniza. “Não acredito em nenhum livro. Acho que os livros correspondem sempre à fuga porque a realidade é intransmissível” acrescentou o escritor que expôs que “depois de ter escrito o livro, ele fica a participar na minha vida”.

Carlos Quiroga apontou os vários motivos, tanto de forma como de conteúdo, que o levam a recusar completamente a frase “Eu sou os meus livros”. O escritor considera que alterando a sintaxe ou o tempo verbal talvez a frase pudesse fazer algum sentido. Assim sendo, “os livros que escrevi também sou eu” ou “os livros também sou eu que os escrevi” foram algumas das premissas aceites pelo autor.

Alberto Serra também contrariou a frase, afirmando que “eu não sou os meus livros” e “se fosse não estava aqui”. “Desde que sonhei ser os meus livros, tudo se tornou mais leve na minha vida”, acrescentou.

O programa de animação da Feira prolonga-se até ao último dia e hoje, às 22h00, será exibido, no Diana Bar o documentário Levantado do Chão sobre José Saramago, realizado por Alberto Serra. A sessão contará também com a leitura de poemas.

No dia 14, sábado, às 18h30, valter hugo mãe estará novamente na Feira do Livro, sendo que desta vez será para apresentar as suas publicações mais recentes. Trata-se do pré-lançamento de dois livros infantis: Rosto e As mais belas coisas do mundo. Estarão também presentes, para além do autor, os ilustradores das obras Isabel Lhano e Paulo Sérgio BEju, respectivamente, para uma sessão de autógrafos.

Sinopse das obras de valter hugo mãe:

“Rosto é uma obra que fala de uma casa empoleirada no cimo de um monte careca, onde vive um menino que passa os dias a olhar os montes vizinhos, medindo ao longe os humores da paisagem. Quando chega a idade da escola, fechado numa pequena sala e perdido entre os lápis e os cadernos, o menino aborrece-se por tudo lhe parecer tão perto. Até que repara numa menina que olha para o nada como se visse alguma coisa, e percebe que o rosto começa onde se vê e vai até onde já não há luz nem som. Um rosto, se prestarmos a devida atenção, pode ser tão grande quanto a alma.”

“As mais belas coisas do mundo é a história de um menino que, desafiado pelo avô, procura conhecer os mistérios da vida. Avô e neto vivem num jogo sem fim de perguntas e respostas, enigmas e soluções, procurando, adivinhando e aprendendo sempre. Certo dia, o menino fica sem resposta quando o avô lhe pergunta: Quais são para ti as coisas mais belas do mundo?”

concerto banda fl2010

No último dia, domingo 15, a Banda Musical da Póvoa de Varzim sobe, pela segunda vez este ano, a palco, na Feira do Livro. O concerto, gratuito e ao ar livre, promete animar os presentes com variadas composições musicais, interpretadas por excelentes músicos, muitos deles saídos das próprias escolas da Associação da Banda Musical. Embaixadora privilegiada do concelho e considerada Instituição de Utilidade Pública, a Associação da Banda Musical conta com duas formações: a Orquestra Ligeira, que conta com cerca de 30 elementos, e a Banda Musical, com 60 músicos. Os reportórios entre as duas formações são diferentes, sendo que a primeira interpreta música clássica e a segunda música ligeira. Recorde-se que já no dia 1 a Banda Musical actuou no palco da Feira do Livro.

A Feira do Livro decorre até 15 de Agosto e está aberta de domingo a quinta-feira das 16h00 às 24h00 e às sextas e sábados das 16h00 à 1h00. No seu último dia, 15 de Agosto e feriado em honra de Nossa Senhora da Assunção, a Feira está aberta das 14h00 às 24h00.

No portal municipal, pode consultar o programa de animação da Feira.