João Botelho assina “Peregrinação” e ontem, no âmbito do Correntes d’Escritas, antes da exibição do filme, falou sobre este trabalho inspirado no livro homónimo de Fernão Mendes Pinto.
Botelho considera importante o trabalho de escrita, a luta pela escrita. “Queria fazer isto também como pequena biografia e homenagem à obra que ficou, porque Fernão Mendes Pinto morre na miséria”.
E a “Peregrinação” e não “Os Lusíadas” porquê? Pelo olhar crítico sobre a expansão colonial servir melhor do que o da epopeia este século? “A visão do Fernão Mendes Pinto sobre a colonização e as aventuras e as viagens é mais perto da verdade. Mesmo com aquela fantasia toda, é mais perto da verdade. É dizer que há mal e que há bem. Que se pilha e que se constrói, que se civiliza mas que ao mesmo tempo se rouba. Para os outros não, só se civiliza.” Mas não será político apenas isto, é também pessoal para o realizador que lembra que tem em Alberto Caeiro o seu heterónimo preferido de Pessoa. “Uma árvore é uma árvore, uma pedra é uma pedra. ‘Os Lusíadas’ são uma fúria metafórica, a ‘Peregrinação’ é o humano e eu gosto mais do humano.”
Filmado na China, Japão, Índia, Malásia, Vietname e Portugal, tem o ator Cláudio da Silva como protagonista. É acompanhado no elenco por Cassiano Carneiro, Pedro Inês, Catarina Wallenstein, Maya Booth, Rui Morrison, Jani Zhao e Zia Soares, entre muitos outros.
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