As
palavras de Luís Diamantino, vereador do Pelouro da Cultura, a comoção dos dois
filhos presentes, a leitura de poemas da sua autoria, ditos pelo Gonçalo e pelo
Martim, seus netos, e pela amiga, Albina Dias, tornaram a tarde de sábado
especial. Afinal, a apresentação de Poesia
ao Acaso
, o último livro de Neca Vasconcelos, tornou-se num tributo ao
escritor poveiro.

Luís
Diamantino recordou que “este mês, no dia 27, Neca Vasconcelos faria 86 anos.
Ainda me lembro quando me falou que estava a seleccionar os poemas para mais um
livro, sim, porque ele criava poesia como quem respira, ele precisava da poesia
para se manter com a vitalidade interior que lhe conhecíamos”. Sobre o livro, o
autarca comentou que “é uma colectânea de poemas que fala do mar, do sol, do
céu azul e do quotidiano da nossa terra. Disse-me ele que a palavra Acaso surgiu pela impossibilidade
natural de uma escolha criteriosa dos poemas e que o problema tinha sido
resolvido quase por acaso”. Lendo frases de poemas desta obra, Luís Diamantino
comprovou que o autor era um apaixonado pela Póvoa de Varzim: “Ele viveu na
Póvoa e para a Póvoa, enamorou-se pela poesia e foi pela poesia que conseguiu a
imortalidade, daqui a muitos anos ele será lembrado e conhecido pelo testemunho
poético que transmitiu à comunidade”.

No
prefácio da obra pode ler-se: “Como já vem sendo costume, este livro – Poesia ao Acaso – é inspirado nesta
linda terra que é a Póvoa de Varzim. E no seu mar, no seu sol, no céu azul, bem
como no quotidiano da vida. Estes são os temas escolhidos e que preenchem estas
páginas. Poesia ao Acaso é, assim, mais um livro que vos deixo, cheio de poemas
que ao acaso decidi juntar. Poesia simples, como tem sido até aqui, para
partilhar e ser vivida por todos nós”.

Deixamos,
pois, um dos poemas que Neca Vasconcelos escreveu e que demonstram a sua paixão
pelo concelho:

 

Poema à minha terra

 

A minha
terra é a mais linda

De
quantas terras eu tenho visto

Dotada
de beleza infinda

De a
querer versar – Não desisto!

 

Óh
quanta gente lhe faz visita

Porque,
da Póvoa, muito gosta

Há quem
dela não tire a vista

E na sua
beleza: Aposta!

 

Chega
Agosto – Um mard e gente

Te
deseja ver, minha Cidade

E com sorrisos
de contente

Partem
de ti – Mar com saudades

 

A minha
terra, por ser tão linda

Já lhe
chama a Póvoa do Mar

A sua
agitação só finda

Quando
ela pensa em descansar

 

Esta
terra, a vejo assim

E pelos
seus filhos é querida

Tem por
nome: Póvoa de Varzim

Esta
cidade – cheia de vida

 

Quando
eu digo que sou poveiro

Sinto
ganhar timbre a minha voz

Também
nasci, no Bairro Primeiro

Como fizera Eça de Queirós.