Segundo a editora, Kairos – Produções Culturais, “Ocaso é um desses trabalhos literários
que tresandam a real, a homem. É um livro que, por ser pequeno, nos induz em
erro no colocar de sua etiqueta. Os tiros têm igual máscara. São breves,
curtíssimos mesmos, mas matam. Ocaso
não é extinção, é uma oportunidade de transfiguração; um passo mais de tempo,
onde este se apresenta nu, frio e cruel com o que a realidade lhe trova. Neste
livro pisamos, porque o percurso dos seus heróis o expõe, o território do
tráfico humano, da escravatura, da prostituição, do tráfico de órgãos, afagamos
de longe a condição destas mulheres e destes homens que tentam a liberdade, um
grão mais de trabalho, um pedaço mais de bolso. Somos personagem cúmplice,
enquanto leitor, do que diante dos nossos olhos fervilha. Ocaso acende a luz de escuros contentores que todos frequentamos,
onde todos dormimos tranquilos, mais ou menos enroscados em quentes distâncias
e excluindo a fria realidade. Ocaso é
um romance cruel por ser verdadeiro.
Khinshar,
Sohlum, Enush, Andukrabi, Narutduk e os outros heróis que o habitam têm algo a
gritar-nos no seu silêncio desejoso de Ocidente, um choro escondido nos seus
sorrisos de imigrante, um mundo tão claro, de tão cruel, no seu corpo escrito.
Não ler este livro é não querer ver, ou já não o conseguir. Os direitos do
homem andam mundo fora ao pedaços na expectativa que mãos de memória e razão os
disponham. Ler Inês Pedro Guerra é empaparmo-nos nas vidas insuportáveis
daqueles que em tempo de guerra procuram outras geografias de si, pretendem
sobreviver, cumprindo sempre o que do seu umbigo brota, ou o que um outro mais
forte dita”.

José Rui Rocha (1981), o palco humano onde se representa Inês Pedro Guerra – uma das
suas personagens literárias –
desenvolveu desde cedo estudos musicais na Academia
de
Música de São Félix da Marinha – Vila Nova de Gaia,
cumprindo o
curso complementar e estudos em piano e técnica
vocal e
repertório – canto, licenciando-se em 2003 em
Educação Musical.
É especializado em Literatura Dramática pela
Faculdade de Letras
da Universidade do Porto. Teve como principais
áreas de
actividade profissional o ensino da música, teatro,
dinâmica de
leitura, interpretação, escrita e oralidade e
alfabetização. É
fundador e presidente da direcção do Janelas
Plurais – Núcleo de
Arte Dramática – Fafe. Como dramaturgo, viu
editados alguns dos
seus trabalhos. Actualmente desenvolve a sua actividade
enquanto criador na Kairos – Produções Culturais, em colaboração com artistas
de
diferentes áreas e vários projectos com
apresentações em salas nacionais.