A cerimónia de insigniação decorreu no Salão Nobre dos Paços do Concelho, à qual se seguiu um desfile até ao Monumento às Peixeiras e um almoço no restaurante O Marinheiro. Estiveram presentes, para além das Confrarias Madrinhas (Confraria da Broa de Avintes e Confraria Gastronómica do Mar), representantes de várias Confrarias gastronómicas do país.

A abertura da sessão esteve a cargo de Lucinda Delgado, Vereadora do Pelouro do Turismo, seguindo-se a assinatura de Escritura de Constituição da Confraria “Sabores Poveiros”, imposição de insígnias aos confrades fundadores e termo de juramento de cada um dos seus membros.

Para José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, “este é um dia importante para o Turismo mas sobretudo para a identificação da cidade e concelho da Póvoa de Varzim”.

O autarca referiu-se à designação e origem das Confrarias, como sendo um conjunto de pessoas que têm obrigação e vontade de promover uma actividade que lhes é afecta. Neste caso, Sabores Poveiros. São muito antigas e tiveram origem religiosa. As primeiras, em França e Itália, faziam práticas religiosas. Aqui, a nossa prática religiosa é a comida, os sabores, a promoção da cidade, assinalou.

O edil revelou que “temos duas ou três espécies de cozinha que nos identifica na região e no país: é a Pescada à Poveira, única pela forma como é cozinhada, e a Rabanada, que resulta da sabedoria popular”, explicando que, “nos tempos de guerra e de fome, era o aproveitamento do pão trigo que sobrava que servia para confeccionar a rabanada como tantas outras iguarias pelo país fora, em que a pobreza obrigava à imaginação das pessoas”.

O Presidente poveiro afirmou que “a Confraria da Póvoa é um sonho antigo que se pensava concretizar e a partir de agora, da entronização com os dez sócios fundadores, vai fazer acções de promoção da cidade e daquilo que é peculiar e próprio da nossa cultura gastronómica e popular. Cada vez mais o Turismo é uma actividade socioeconómica fundamental para a cidade da Póvoa de Varzim”, enunciou, indicando que “em tempos de crise, o turismo interno terá um grande retorno nos próximos anos”. Neste sentido, a Confraria “Sabores Poveiros” deverá ser encarada como um veículo, com um papel muito importante na promoção das entidades locais e identificação do que a Póvoa tem de peculiar.

Quanto aos estabelecimentos do sector, é preciso que os restaurantes percebam a importância da Confraria e do que nos caracteriza, ou seja, a diferente conjugação de esforços da autarquia, da confraria e dos restaurantes, concluiu.

José de Azevedo confessou: “posso dizer que sou pai da Confraria”, contando que em 1972 o Jornal Notícias lhe solicitou a receita da Pescada à Poveira para incluir na secção Cozinha Regional porque era solicitada por muitas leitoras. “Foi quando pedi ao Leonardo e transmiti que na Póvoa devia constituir-se uma tertúlia gastronómica para defender e preservar este prato”. Em 1999, a ideia da Confraria voltou a surgir com a iniciativa gastronómica “A Póvoa sabe a Mar”, na qual a Pescada à Poveira esteve, novamente em destaque. Mas não foi avante, relatou. Em 2005, “fiz o Café da Guia, pedindo a colaboração de alguns amigos para a formação da Confraria e teve a anuência de Jacinto Ribeiro, apaixonado pelas Confrarias. Começamos a pensar em nomes”. Foi, finalmente, em 2011, com a Vereadora do Turismo, Lucinda Delgado, “mulher de armas”, que se conseguiram renuir os membros e formar a confraria que, para além da Pescada, decidiu incluir a Rabanada. Por maioria, venceu a designação “Sabores Poveiros”, revelou. Para José de Azevedo, a sua criação “é muito importante para o turismo local e para preservação, defesa e divulgação de um prato único no país”. Para tal, contam com os restaurantes para que “façam a receita original e uniforme e que a divulguem, juntamente com a Rabanada à Poveira”.

Paulo Sá Machado, representante de uma das Confrarias gastronómicas “mais antigas” (fundada em 1997), e “cada vez mais pujante”, declarou que a Confraria da Broa de Avintes, enquanto madrinha, assumirá a responsabilidade de não deixar cair a Confraria “Sabores Poveiros” e procurará que se mantenha viva na defesa das suas ideias.

João Monteiro, mestre timoneiro da Confraria Gastronómica do Mar (fundada em 1999, com sede em Matosinhos), revelou que “é um gosto ser confraria madrinha. É algo que nos honra, tanto mais a Póvoa de Varzim, por ser uma cidade com tantas afinidades e proximidade quer geográfica quer em termos de trabalho e de vida de Matosinhos. É um prazer reforçado, concluiu”.

Para saber mais sobre a Confraria “Sabores Poveiros”, nomeadamente, estatutos, membros e pratos tradicionais, consulte o portal municipal.