Andrea
Silva, a Vereadora da Coesão Social, representou a autarquia poveira nesta
cerimónia.

Esta
ação marcou o arranque de um vasto programa comemorativo do 1º centenário da
Igreja da Misericórdia da Póvoa de Varzim, que se estenderá ao longo do ano.

O
orador traçou o contexto da sociedade poveira desde o fim da Monarquia até aos
primeiros anos da República. A comunidade vivia uma forte religiosidade e
prática católica, enquanto em termos políticos, os dois partidos – Progressista
e Regenerador – atuavam num sistema de representatividade rotativa, no âmbito
das áreas mais cobiçadas: a Câmara Municipal, a Misericórdia ou A Beneficente.
De acordo com a pesquisa de João Marques esta situação resultava de um acordo
que os dois partidos teriam assinado em 1903. Porém, após os acontecimentos de
5 de outubro de 1910, surgem desavenças e o acordo é posto de lado.

O
historiador deu ainda conta da forma como os jornais locais relataram os
eventos em Lisboa, que estiveram na origem da implantação da República, bem
como o posicionamento de cada um dos semanários ao longo dos primeiros anos do
novo regime. O confronto ideológico era travado nas publicações, semana após
semana, dando conta de alguns ataques a membros da Igreja ou até de ruturas
verificadas ao nível do poder autárquico, em que um dos exemplos do impacto dos
ventos republicanos foi a alteração da toponímia local.

No
ano de 1914 foi inaugurada a Capela da Misericórdia, sendo que nos primeiros
cinco anos após a implantação da República, a Póvoa de Varzim começou a
desenvolver-se economicamente, com nova indústria e a animação da época
balnear. O novo regime trouxe também evolução na instrução pública, pois foram
criadas novas escolas e aumentou-se a rede escolar.

A
vida religiosa poveira, apesar do corte de relações do Vaticano com Portugal,
não sentiu o impacto da nova postura governativa, continuando a realizar-se
missas e procissões muito concorridas e, relatou ainda João Marques,
“realizou-se até um Congresso Eucarístico, a que se associou a Câmara
Municipal, republicana…” 

O
ambiente na Póvoa de Varzim sempre foi de grande tolerância religiosa.

Na
abertura da cerimónia, o provedor da Santa Casa da Póvoa de Varzim, Virgílio
Ferreira, salientou que a Igreja da Misericórdia continua aberta ao público e
“assegura o culto religioso, graças a um capelão empenhado, o Padre Telmo”, e
que o templo tem recebido elogios de quem o visita, pois a Santa Casa tem o
cuidado de o preservar, investindo na manutenção interna e externa.

Fernando
Souto, da Mesa administrativa, apresentou o orador convidado e referiu-se ao
programa comemorativo, dizendo que, “ao longo de um ano, queremos que seja um
programa aberto e edificante”.

A
programação é diversificada e incluirá nos próximos meses atividades como
exposições, publicações, visitas guiadas, concerto, Eucaristia Solene e um
ciclo de conferências mensais sobre História, Arte, Arquitetura, Liturgia e
Música, sempre no Salão Nobre da Santa Casa da Misericórdia. A próxima
conferência realizar-se-á dia 28 de fevereiro e será proferida pelo Dr. Fernando
Souto.