A formação teve início esta manhã, no Diana Bar, com a Mesa de Abertura “A aprender é que a gente ensina”. As 25 horas deste Curso de Formação para Professores vão ser completadas com as Oficinas “Imagem, texto e narrativa”, com Possidónio Cachapa, “O espaço e a escrita”, com Isabel Rio Novo, “Escrever e contar”, com João Tordo, “Escrita e o corpo”, com Isabel Bezelga, e “Oficina mista: literatura e música”, com Ana Margarida de Carvalho. A formação terminará na sexta-feira com a Sessão Plenária, que contará com a presença de Luís Diamantino, Luís Carmelo e Filomena Alves.

Quanto à Mesa de Abertura desta manhã contou com as participações do Vice-Presidente da Câmara Municipal, Luís Diamantino, Luís Carmelo, Manuela Pargana Silva, Maria Antonieta Cunha, Mafalda Milhões e Tino Freitas.

Segundo Manuela Pargana Silva, Coordenadora Nacional da Rede de Bibliotecas Escolares, a biblioteca é, dentro das escolas, um espaço que propicia o conhecimento mas também o lazer, que promove a reflexão e, simultaneamente, a discussão. que estimula a memória e a inovação. A biblioteca escolar foge das rotinas de repetição e avaliação da sala de aula, porque propicia momentos de fruição e lazer, porque se abre às tecnologias e às novidades do mundo digital, porque abre as portas para a discussão e o pensamento. 

A Biblioteca assume-se como um bastião de cultura e de cidadania mas também, como um polo de inovação. Por tudo isto a biblioteca deve constituir-se como o coração da instituição: é a bomba propulsora que faz circular por toda a escola projetos, atividades, recursos, energia. E, também por tudo isto, ela é indispensável numa escola amiga das crianças.

Podemos depreender um papel mais ativo das bibliotecas. Creio que, no caso das bibliotecas escolares, o propósito é exatamente esse: ter uma intervenção na transversalidade da aprendizagem e do conhecimento, para que os estudantes percebam que tudo está interligado. E para que saibam que existe uma metodologia de aprendizagem que lhes confere essa capacidade de, no fundo, saber como é que se aprende. Quando esse processo de aprendizagem é interiorizado, isso oferece-lhes outras competências e autonomia.

Maria Antonieta Cunha é considerada uma das mais conceituadas especialistas em leitura do Brasil tendo, inclusivamente, sido coordenadora do Plano Nacional do Livro e Leitura. Ao longo da sua carreira promoveu a leitura e a literatura infantil, assunto que lhe despertou interesse desde o início do seu percurso como professora. Ao se deparar com a raridade de bibliografia brasileira sobre este tema, Maria Antonieta Cunha escreveu Como ensinar literatura infantil com o objetivo de diminuir a pobreza bibliográfica e o pouco valor atribuído à literatura infantil.

Mafalda Milhões é ilustradora, autora, editora, livreira e orienta projetos na área da literatura e da educação, dentro e fora do país. Também é a curadora do Folio Ilustra, a seção do Festival Literário Internacional de Óbidos dedicada à ilustração e às estórias em torno das artes. Criadora do Carpe Librum, movimento de educação pela arte e pela leitura, promove ainda diversas atividades de promoção da leitura, exposições, workshops criativos e ações de formação para professores, educadores e pais, “procurando ir ao encontro, não apenas do leitor, mas da pessoa. Faço escolhas mediante o que sinto e o que leio, mas sobretudo mediante as pessoas que convido e recebo na livraria, a nossa comunidade de leitores, que é exigente e muito especial”.

Mafalda Milhões, especialista em literatura infantil e processos de mediação, integrou o grupo de dinamizadores do programa de itinerâncias da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas e o reconhecimento nacional e internacional tem-na levado a orientar projetos e equipas na área do livro, da leitura e da educação dentro e fora do país. Trava agora uma luta pelo lugar e pela importância dos livreiros mediadores de leitura que se implicam ativamente na sociedade e fazem pontes transformando o mundo numa grande livraria especializada na arte de relacionar pessoas e livros.

Para Mafalda Milhões, “dizer que não se gosta de ler é como dizer que não se gosta de mousse de chocolate”.

Tino Freitas é escritor, jornalista, músico, contador de histórias e mediador de leitura do projeto Roedores de Livros. Leitor ávido e, do mesmo modo, um criativo mediador de livros, Tino Freitas afirma que “muito do que aprendi sobre Literatura Infantil, aprendi com minha ex-esposa (Ana Paula Bernardes) e com as atividades do projeto Roedores de Livros (projeto criado por ela em 2006 e que funciona nas manhãs de sábado no Shopping Popular da Ceilándia).

“Com este projeto fomos convidados para eventos por todo o Brasil para contar sobre a nossa experiência de Formação de Leitores a partir da Mediação de Leituras. Nesse caldeirão de influências tive o desejo de escrever uma história. E assim, em 2009, nasceu meu primeiro livro”. Para Tino Freitas, fantasiar é criar/vivenciar algo que não existe. Tudo que o homem criou foi antes fantasiado por ele. E muito do que foi criado no século XX e XXI, provavelmente foi criado por leitores”.

“Não acho que seja imprescindível unir tecnologia e livros. O livro, como o conhecemos hoje, após a invenção da roda, é uma das tecnologias mais antigas ainda em uso. E isso é fantástico. O que acho é que o ser humano, mais que as plataformas, ainda é o elo mais importante para conectar leitores”.

Para Tino Freitas, a Literatura Infantil pode divertir, brincar, emocionar. Da mesma forma, “de maneiras diversas quero escrever histórias que provoquem emoções no leitor. Que nada tem de infantil, no sentido tolo da palavra. Ainda mais, no sentido de viver melhor a sua infância. Afinal, aquilo que mesmo adultos, carregamos no peito como, muitas vezes, os melhores momentos das nossas vidas. E para isso, é preciso escrever com talento, com arte, com suor e com criatividade”.

Luís Diamantino agradeceu a presença dos professores-bibliotecários e recordou a primeira edição do Correntes em Rede, realizada o ano passado. “Foi graças à participação dos docentes que demos continuidade a esta iniciativa e que pretendemos que se estenda ao longo dos próximos anos”.