À semelhança do que aconteceu na edição anterior, a Fundação de Serralves irá colaborar com o Correntes d’Escritas com a exposição “As palavras em liberdade na coleção de E. M. de Melo e Castro”.

A exposição estará patente no Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim até maio, sendo que a abertura será no dia 20 de fevereiro, às 12h30.

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“As palavras em liberdade na coleção de E. M. de Melo e Castro”

A presente exposição oferece uma panorâmica histórica e internacional da poesia visual, dando particular atenção às criações portuguesas e latino-americanas.

Em 2003, a Fundação de Serralves teve a oportunidade de adquirir uma importante biblioteca consagrada à poesia visual. Essa coleção, constituída por várias centenas de obras foi compilada por E. M. de Melo e Castro, poeta visual e autor de numerosas obras teóricas sobre o tema.

A poesia de caráter experimental surge ligada às práticas de um conjunto de autores que a partir de finais da década de 1950 procura explorar novas possibilidades visuais dos seus textos, libertando as palavras do seu tradicional arranjo na página. Tanto pela sua disposição no espaço como pela inovação tipográfica, a poesia visual torna-se uma forma artística de direito próprio e impõe-se, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970.

No contexto português, destacar-se-ão nomes como o de E. M. de Melo e Castro, José-Alberto Marques, Ana Hatherly, Silvestre Pestana, Liberto Cruz, António Aragão e Salette Tavares, entre outros. No contexto Espanhol, nomes como José Luis Calleja, Bartolomé Ferrando, Pablo del Barco, Ricardo Cristóbal, também farão parte desta mostra.

Curadora: Sónia Oliveira

Os sargaceiros de Aver-o-Mar e o olhar clínico de Amaral Bernardo

No Axis Vermar, também haverá uma exposição de fotografias de Amaral Bernardo.

Nascido em Esmolfe (Viseu), foi em África que Amaral Bernardo foi criado e se apaixonou pela fotografia, picado pela necessidade de fixar pelos sais de prata a fulgurante luz africana. O bichinho fotográfico acompanhou-o toda a vida e nem o empenho profissional como médico internista e, mais tarde, como Chefe de Serviço de Medicina Interna e catedrático convidado jubilado da Universidade do Porto, diminuíram a sua inclinação para a arte de Niépce.

Entre os finais da década de setenta do século passado e o dealbar do novo milénio, Amaral Bernardo demandou, por razões afetivas e familiares, terras de Aver-o-Mar. Por aí foi fixando, em muitas dezenas de rolos de 24×36 mm e em algumas películas de médio formato, cenas da vida e do trabalho dos sargaceiros, com toda a parafernália de instrumentos e de bestas que ajudavam à dureza da função de arrancar das águas o sargaço (ou argaço, ou algaço…).

Será dessas muitas centenas de registos que sairá, em meados deste ano, uma mostra de fotografias sobre a apanha do sargaço em Aver-o-Mar, que agora se anuncia e antecipa com três fotos que funcionem, esperemos, como fermento de palavras.

Fotos:  Amaral Bernardo 1984/1985

expo sargaco