Os livros são o ADN das Correntes. É para levar as pessoas a serem leitoras e é para que os livros estejam nas mãos dos leitores que as Correntes existem.

As apresentações das obras mais recentes são, naturalmente, parte importante do programa.

Eric Nepumoceno, Ungulani Ba Ka Khosa e Ana Luísa Amaral viram os seus novos livros serem apresentados na Sala dos Actos, do Cine-Teatro Garrett.

Sobre “Gungunhana” (Porto Editora), o editor João Rodrigues afirmou que o novo livro de Ba Ka Khosa é composto por duas partes:

Uma já publicada, cujo título é “Ualalapi”, e uma inédita, com o nome de “As Mulheres do Imperador”.

“Gungunhana” é extremamente valioso, segundo o editor, como documento literário e antropológico de “uma cultura brutalmente tocada pelo colonialismo”.

Para o autor, “a História com maiúscula é extremamente machista”. A sua investigação sobre as mulheres de Gungunhana foi dificultada pela falta de informação. O seu objectivo, quando escreveu a segunda parte deste livro, foi de resgatar a história destas mulheres.

“Bangladesh, talvez” (Porto Editora), primeiro livro de Eric Nepumoceno publicado em Portugal, nasceu num festival literário.

O editor Manuel Alberto Valente conheceu o autor brasileiro no Festival Literário da Gardunha. Foi no Fundão que Nepumoceno ofereceu uma espessa antologia de contos a Manuel Alberto Valente. O editor leu, seleccionou alguns contos e propôs a publicação. Assim surgiu o livro agora apresentado.

Segundo Manuel Alberto Valente, o conto, ao contrário do romance, procura registar um corte, um momento. Eric Nepumoceno consegue-o maravilhosamente.

O autor brasileiro esteve pela primeira vez em Portugal em 1978. Era o seu segundo exílio. Parte da tristeza sentida devido ao exílio está nos contos.

Sobre o método de trabalho, o autor recorreu-se de uma frase de Skármeta: “Eu não sou ornitólogo. Sou um pássaro”

“Arder a Palavra e Outros Incêndios” (Relógio d`Água), novo livro de Ana Luísa Amaral, foi apresentado por Maria João Cantinho, membro da direcção do international PEN e professora universitária.

O novo livro de Ana Luísa Amaral reúne um conjunto de ensaios um pouco “loucos”, segundo Maria João Cantinho, que reflectem uma leitura renovada e afastada de um certo cinzentismo académico. É um dos grandes méritos deste livro, afirmou.

A autora pretende com este conjunto de ensaios fomentar a interrogação sobre problemáticas relacionadas com a questão da identidade, os estudos feministas, a teoria queer e as relações entre género, sexo e sexualidade.

Depois dos vários ensaios relacionados com estas temáticas, Ana Luísa Amaral termina o livro com um peça de teatro em que contracenam todos os escritores analisados no livro.

 

Mário Rufino