Os escritores foram recebidos com a atuação do Grupo Coral da ESRP e com as apresentações das suas biografias e obras por parte de alguns dos alunos presentes. Depois, foi uma manhã de conversa bem disposta, que passou a correr. Precisamente a temática do ‘tempo’ foi abordada pelos três autores em cada uma das suas intervenções.

Mário Zambujal fez algumas comparações entre o tempo em que era adolescente e o tempo dos jovens que tinha à sua frente. Começou por dizer que era “contra as máquinas” e sendo este o tempo das máquinas tenta adaptar-se, mas apelou aos jovens para que mantenham “contactos humanos e não levem o dia todo a passear pela internet, mantenham o convívio”. E muito importante, sublinhou, “apesar de hoje em dia haver mais coisas para fazer em 24 horas do que no meu tempo de adolescente, em que nem sequer havia televisão em Portugal, por favor, leiam, porque é a ler que exercitamos o cérebro e é pela leitura que mais aprendemos, muito mais do que a ouvir os mesmos assuntos por outras pessoas”.

Jaime Rocha defendeu o tempo como um aliado, que “nos faz escrever melhor”, disse. O poeta, dramaturgo e jornalista acrescentou que “é na onda do tempo que a Arte sai melhorada, ainda bem que o ser humano envelhece”.

A poeta e ensaísta Lauren Mendinueta aproveitou para contar a sua história pessoal de encontro com o seu destino da poesia para abordar o tempo pela perspetiva de quem é jovem. A colombiana, aos 16 anos, não sabia muito bem o que queria ser em adulta. Entrou e saiu da universidade, trocou de curso, até que aos 19 anos resolveu parar durante um ano para pensar no que queria fazer. Enquanto isso, Lauren trabalhava na biblioteca da sua aldeia. Foi nesta altura que a jovem descobriu que queria ser poeta e persistiu na busca deste sonho até conseguir demonstrar aos pais que era “capaz de resistir no tempo e fazer aquilo de que gostava”.

O primeiro livro de Lauren Mendinueta recebeu um prémio do Ministério da Cultura colombiano e esse foi o impulso que precisava e o argumento que faltava para convencer os pais. Com esta história de vida, a poeta aconselhou os jovens a não desistirem dos seus sonhos, “lutem por eles, porque ninguém vai viver a vossa vida por vocês, este é o vosso tempo e ele passa muito rápido”.