Este ano, o primeiro Correntes à Conversa juntou Guilherme D’Oliveira Martins e José Carlos Vasconcelos, dois nomes de peso na cultura, literatura e educação.

José Carlos Vasconcelos começou por dizer que a pessoa indicada para falar desta frase de Sophia de Mello Breyner era mesmo o Guilherme D’Oliveira Martins, por ser um homem de cultura, da gestão da cultura e da animação da mesma. Atualmente, Guilherme de D’Oliveira Martins faz parte do Conselho de Administração Plenário da Fundação Calouste Gulbenkian.

Guilherme D’Oliveira Martins agradeceu a José Carlos Vasconcelos por, um dia, o ter desafiado a participar numa mesa do Correntes d’Escritas e deu início à conversa, lendo o texto da Sophia de Mello Breyner que foi o mote para esta conversa. Quando terminou de ler disse “as coisas que têm mais valor não têm preço” e foi assim que começou, porque quando se fala de cultura não se fala de algo em concreto, a cultura engloba uma série de coisas e os recursos são a chave principal da cultura.

Falar de cultura sem falar de Sophia de Mello Breyner é impossível e Guilherme D’Oliveira Martins lembrou o brilhante papel cívico da escritora e citou a seguinte frase de Sophia ,“A arte deve ser livre, porque o ato de criação é um ato de liberdade” e continuou dizendo que não é só a liberdade individual do artista que importa, pois sabe-se que” quando a arte não é livre o povo também não é livre”. Caso o artista não se sinta livre, o povo passa a ser colonizado. Esta era a opinião de Sophia de Mello Breyner e é também a de Guilherme D’Oliveira. Os artistas têm de ser livres para darem liberdade a quem os lê, a quem os ouve, a quem os vê.

O escritor prosseguiu relembrando que a cultura não é um luxo, a cultura é educação, ciência, conhecimento, atenção e silêncio. A cultura não existe sozinha está sempre interligada com outros elementos, para que não haja desigualdade.

Guilherme D’Oliveira Martins sublinhou que não há vida sem cultura e, que quando se fala de cultura, fala-se de vida. “As artes estão sempre no início da vida de qualquer criança, a partir do momento em que ouvem as mães cantarem, por exemplo, já estão a absorver cultura” e cultura e a arte vão estar presentes até ao resto da vida destas crianças. Falando de crianças, de arte e de cultura, o escritor não esqueceu a Escola, que no seu entender é um meio imprescindível para levar a cultura às crianças, mas elas já estão ligadas à cultura desde muito cedo.

José Carlos Vasconcelos surge na conversa para fazer algumas questões relacionadas com a cultura e com os recursos, que hoje em dia, são gastos ou não com a cultura e pergunta também de que forma é possível ver os progressos na cultura, como é que tudo isto se avalia. Guilherme D’Oliveira Martins respondeu às perguntas com base na sua experiência e lembrou que a arte é cara, “mas não se pode investir mais do que podemos e menos do que devemos”. Em relação à forma de medir os progressos na cultura é muito difícil e não se pode avaliar de um ano para o outro, “só se consegue avaliar se os recursos usados na cultura foram os certos, passados 20 anos, tem de haver um grande distanciamento, tem de passar uma geração”.

A conversa terminou com foco nos recursos que devem ser usados para cultura e Guilherme D’Oliveira Martins lembrou a Rede de Bibliotecas Escolares que foi e tem sido um grande sucesso, em todo o país e mostrou que a preocupação com as Bibliotecas foi mais proveitosa que a Rede de Leitura Pública e foi também mais eficaz.

O escritor acabou dizendo que “a melhor medida da cultura é a aprendizagem”.

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