O verso Foge-nos o tempo já de decidir, do poema Nem nos defende a ausência de José Augusto Seabra foi o mote da sessão que decorreu no Cine-Teatro Garrett, esta tarde, moderada por José Carlos de Vasconcelos.

Ana Maria Machado, que se considera uma “simples leitora e escritora rebelde”, entende que o “desafio deixado por este verso pode funcionar como um elo numa corrente, um vínculo ligando vários textos, culturas e autores”, pois o tempo e a memória são “as linhas condutoras da ficção”. Seguiu-se Hélder Macedo, que refletiu sobre passado e futuro. O poeta, romancista, ensaísta, crítico e investigador literário entende que “imaginar e recordar são ficções do que não está a acontecer. Por isso, também se pode recordar o que se imaginou, como os sonhos. Nem passado nem futuro, apenas um tempo intemporal”.

Obrigada a sair do País, abandonando as suas duas filhas e forçada a manter-se no exílio, em 2021, Gioconda Belli falou do luxo a que nos damos, como sociedade, de “postergar as decisões alheias”. Para a poetisa e romancista nicaraguense, só o “poder das ações e das palavras” nos podem ajudar a recuperar esse tempo perdido, “construindo pontes para as novas gerações”. Por seu turno, a romancista Lídia Jorge destacou que a “atitude de desafio diante da imensidade” é, por vezes, a melhor forma de reagir à “interpretação negativa que traduz à perigosidade” dos tempos que atualmente vivemos.

Por entre uma enorme variedade de ações culturais e literárias, o primeiro dia oficial deste nosso festival – que ainda não terminou! – fica marcado pela Sessão de Abertura e Conferência de Abertura, pela abertura da exposição de arte comunitária do projeto Memórias da Ruralidade, de Elisa Ochoa, pelos lançamentos de livros e pela sessão de Conversas Correntes, também com a escritora Lídia Jorge. Veja todas as fotos das iniciativas desta edição aqui.

De modo a permitir que todos os cidadãos tenham acesso à programação do Correntes d’Escritas, em plenas condições de igualdade e de inclusão, esta edição contará com um intérprete de Língua Gestual Portuguesa em cada Mesa, resultante de uma parceria entre Município e a Associação de Surdos do Porto. Para os que não tiverem oportunidade de assistir presencialmente, os vídeos completos ficam disponíveis no canal do YouTube da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Acompanhe todas as notícias relativas à 25.ª edição do Correntes d’Escritas aqui e consulte o programa aqui. A entrada é livre.