O conto foi apresentado na passada quarta-feira, na Feira do Livro da Póvoa de Varzim, e pretende aguçar a curiosidade, essencialmente dos mais jovens, para conhecer a obra de José Saramago.

“Não me canso de falar neste livro. Foi feito com muito afeto e, por isso, me é tão caro”, disse Mário João Alves. A ideia do conto é referenciar a linguagem, o pensamento e a mensagem de José Saramago e da sua obra e não contar a história da sua vida, explicou o autor.

“O José está quase a chegar com as suas palavras, na sua jangada de pedra. Vem ensinar-vos o valor que as palavras devem ter”, pode ler-se nesta obra. “As palavras podem magoar, às vezes podem até parecer um pouco agrestes, mas maquilhá-las, torna-las mais suaves, nem sempre dá bom resultado. Na situação política que vivemos nem sempre são utilizadas as palavras mais verdadeiras”, explicou Mário João Alves.

Os rapazes Ruivo e Carapinha são as personagens principais deste conto, ilustrado por Isabel Beleza. A ideia para o próximo conto, essa, já cá canta. António Lobo Antunes será o escritor homenageado na próxima obra.  

Mário João Alves desenvolve uma carreira literária paralela à de cantor lírico. Como tenor, uma das suas últimas interpretações aconteceu no Coliseu do Porto, no papel de ‘Pinkerton’, da ópera ‘Madama Butterfly’, de Puccini. Quanto ao seu percurso literário, escreveu Amílcar, consertador de búzios calados.