Sobre o autor: Roberto Bolaño nasceu em 1953, em Santiago do Chile. Filho de pai camionista e de mãe professora, a sua infância foi vivida em várias cidades chilenas (Valparaíso, Quilpué, Viña del Mar ou Cauquenes) e a passagem pela escola foi atormentada pela dislexia. Aos quinze anos a família mudou-se para a Cidade do México. Durante a adolescência leu vorazmente, escreveu poesia – e abandonou os estudos para regressar ao Chile poucos dias antes do golpe que depôs Salvador Allende. Ligado a um grupo trotsquista, foi preso pelos militares e libertado algum tempo depois. De volta ao México, fundou com amigos o Infrarrealismo, um movimento literário punk-surrealista, que consistia na “provocação e no apelo às armas” contra o estabelecimento das letras latino-americanas e suas figuras de proa, de Octavio Paz a García Márquez. Nos anos setenta, Bolaño vagabundeou pela Europa – lavou pratos em restaurantes, trabalhou nas vindimas ou como guarda-nocturno de parques de campismo -, após o que se instalou em Espanha, na Costa Brava, com a mulher e os dois filhos. Aí, dedicou os últimos dez anos da sua vida à escrita. Fê-lo febrilmente, com urgência, até à morte (em Barcelona, em Julho de 2003), aos cinquenta anos.

A sua herança literária é de uma grandeza ímpar, sendo considerado o mais importante escritor latino-americano da sua geração – e da actualidade. Entre outros prémios, como o Rómulo Gallegos ou o Herralde, Roberto Bolaño já não pôde receber o prestigiado National Book Critics Circle Award, o da Fundación Lara, o Salambó, o Ciudad de Barcelona, o Santiago de Chile ou o Altazor, atribuídos a 2666, unanimemente considerado o maior fenómeno literário da última década.

Sobre o livro: Há uma espécie de detective literário, personagens peculiares e um sem-fim de referências literárias — que darão muito gozo ao leitor. A saber: Udo Berger, que sempre quis ser um grande escritor, mas que tem de se conformar em ser o campeão de “jogos de estratégia & guerra em Stuttgart”, decide ir ao Hotel del Mar, na Costa Brava catalã, com a sua nova namorada, Ingeborg (nome de uma das personagens de 2666). O objectivo é treinar-se para participar num novo jogo de estratégia, justamente Terceiro Reich, e preparar-se para ganhar um torneio internacional. Eles compartilham suas férias com um outro casal alemão, Charlie e Hanna, até que o primeiro destes desaparece misteriosamente depois de se cruzar com dois sinistros personagens que também levantam suspeitas nas autoridades locais: «O Lobo» e «O Cordeiro». Entretanto, Udo Berger é perseguido por um detective estranho e sombrio e, atormentado por essa perseguição sem sentido, acaba por entrar em delírio com a “paisagem surreal da Costa Brava”. Tudo isto acontece quando entra num jogo de vida ou morte com um personagem enigmático e de rosto desfigurado, El Quemado. Uma autêntica sinfonia de literatura, política, divertimento surreal, absurdo. Gozo puro.

Escritores, editores e público, depois da apresentação, continuaram em grande festa.