“O Natal n’A Beneficente” foi o tema abordado pela antiga professora, que viajou no tempo até à criação da Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), em 1906, explicando por que nasceu A Beneficente e mostrando a sua primeira sede. Zulmira Linhares documentou-se na edição municipal homónima da instituição, escrita por José Linhares, para explicar os motivos que levaram à criação d’A Beneficente: “Era o início do século XX (1904) e uma grande transformação político-social começava a desenhar-se; alastrava-se por todo o país o “franquismo” e o movimento republicano crescia. A seu lado surgia também em Portugal a força da maçonaria (sociedade secreta com capacidade de iniciativa e organizada com fins altruístas coais e socioeconómicos) que apoiava acções de ordem cultural e de solidariedade. Justamente em fins de 1904, princípios de 1905, surge na nossa cidade um grupo de homens com enorme vontade de bem-fazer e grande consciência das carências desta terra que se denominavam ‘Grupo Beneficente – Companheiros do Bem’”.

E foi este bem-fazer que prevaleceu ao longo de mais de um século de existência e nas suas diferentes valências: Centro de Dia, Refeitório, Jardins-de-Infância e Apoio Domiciliário. Todas estas áreas comemoram o Natal de diversas formas, mas sempre com os sentimentos de fraternidade, amizade e solidariedade em comum. A Vice-Presidente da IPSS contou como o espírito da quadra é vivido com alegria, com enfeites, iluminação e tarefas distribuídas por todos e consoante as capacidades de cada um e como “nada é deitado fora e tudo é aproveitado”. A colaboração da comunidade é essencial. São as doações dos cidadãos, referindo-se à Ceia de Natal que A Beneficente organiza todos os anos, bem como os cabazes preparados para famílias e pessoas necessitadas, que fazem com que seja possível centenas de pessoas viverem esta data com dignidade. A Ceia de Natal realiza-se no dia 24 de Dezembro, na sede, e conta com o voluntariado das funcionárias que preparam a refeição tradicional, com bacalhau, aletria e rabanadas. Um grupo de jovens anima a refeição com músicas alusivas à quadra. E foram alguns membros desse grupo que esteve presente no Arquivo para animar a “conversa”. Também durante a véspera de Natal, A Beneficente distribui os cabazes pelas famílias mais necessitadas.

As crianças, nos Jardins-de-Infância, também vivem a quadra de forma intensa. As educadoras inspiram o prazer de doar nos mais pequeninos, mostrando que os seus brinquedos podem ser oferecidos a quem não tem possibilidade de os comprar.

No final desta sessão, A Beneficente procedeu ao sorteio de três prémios, resultante de uma venda de rifas.

E, se leu este texto e ficou com vontade de colaborar com esta Instituição e com as pessoas que dela dependem, saiba que há muito que pode fazer. Zulmira Linhares informou que, em Março, uma mãe irá ter trigémeos e precisa de roupa e produtos de puericultura para os bebés. Ajude e sentir-se-á feliz, de certeza.