Após uma primeira mesa que contou com a presença de escritores como Eduardo Lourenço, que escreveu obras sobre Fernando Pessoa e Aida Gomes para falar sobre passado, presente e futuro no palco do Correntes d’Escritas, esta quinta-feira realizou-se, da parte da manhã, um debate em torno da reflexão sobre o processo de redacção de um livro e de leitura do mesmo.

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A sessão, moderada pelo jornalista Carlos Vaz Marques, começou com a leitura de textos e poemas escritos pelos autores a propósito do mote da mesa “Eu começo depois da escrita”, frase do poema “Depois da Escrita” de Luís Quintais, no livro “Mais espesso que a água”.

Miguel Miranda, que publicou a obra “Livrai-nos do mal”, falou da importância de escrever. “A verdadeira escrita é interior, indefinida”. Júlio Conrado, crítico literário, escreveu um poema em acrónimo com “Eu começo depois da escrita”.

Já Ignacio Del Valle, autor do livro “Os Demónios de Berlim”, premiado com o galardão “Prémio da Crítica Astúrias 2010”, referiu que “a narrativa não é só uma história, tem também uma linguagem”. O escritor mencionou ainda a “Santíssima Trindade da narrativa: estrutura, argumento e linguagem”.

Após estas leituras e intervenções, agora num debate aberto ao público, surge a questão da relação com os leitores e dos escritores com os próprios livros.

João Paulo Cuenca, escritor brasileiro, aconselhou quem escreve a ler-se ” a si próprio”. “Leiam-se a si próprios, um tempo depois de escreverem. É uma experiência”, referiu o autor.

Sobre a relação entre quem escreve e quem lê João Paulo Cuenca não tem dúvidas. “Para mim a pessoa quando lê está a escrever com o escritor. Para mim o nome do leitor devia aparecer na capa”, revelou.

Miguel Miranda, por sua vez, afirmou que o escritor não deve escrever para os leitores, muito embora estes sejam importantes.

Na mesa participaram ainda os autores Karla Suarez, escritora cubana e Maria João Martins, jornalista do Jornal de Letras, Artes e Ideias.

Texto de Renata Silva