Ana Paula Tavares e Aurelino Costa concordaram que a visita às escolas é um dos
momentos mais relevantes do Correntes d’Escritas. Um momento onde os escritores
também aprendem.

Entre as
várias perguntas preparadas pelos alunos, os dois escritores foram contando
histórias e dizendo o que para eles era poesia e ser poeta. Ana Paula Tavares nasceu em Angola, em 1952,
mas vive em Lisboa há catorze anos. A poetisa confessou aos estudantes que
ainda não consegue escrever poemas sobre Lisboa, preferindo, pelas suas
vivências, escrever sobre a sua terra. Para a escritora, a poesia é tudo.
“Quando um bebé nasce, a primeira forma de comunicar entre uma mãe e o seu
filho é a poesia. Não pelas palavras, mas pela musicalidade com que lhe fala.
Há poesia no canto da linguagem”, explicou Ana Paula à plateia atenta.

Aurelino
Costa, poveiro, brindou os alunos com a leitura de alguns poemas e explicou
que, para se ser poeta, é necessário simplesmente parar, “observar o que se
passa à nossa volta”. Para o escritor, estar presente diante de um público tão
jovem é uma honra e um encanto “porque a minha vida é a poesia e a minha poesia
está relacionada ao tempo em que tive a vossa idade”. Os textos de Aurelino
Costa denunciam a sua origem, Argivai, onde o campo, e o trabalho árduo que
este exige, faz parte.

No final do encontro os poetas afirmaram que o
poeta deve ser um indivíduo atento. “Alguém que não é atento e que não percebe
os desequilíbrios do mundo e que não transporta a sua infância, as suas
paixões, os seus amores e desamores para o papel, certamente não será um
poeta”.