No entanto, Antonio Cícero começou por confessar que nunca teve intenção de ser poeta, visto que essa profissão não seria economicamente sustentável. “A poesia é algo gratuito. A poesia faz-se por amor, não se faz por dinheiro”, revela o poeta e ensaísta brasileiro. Por isso, estudou Filosofia mas continuava a escrever poemas, que guardava na gaveta.  Graças à sua irmã Marina, Antonio Cícero tornou-se autor de diversas letras de música interpretadas por vários cantores brasileiros como Adriana Calcanhoto, Caetano Veloso e Maria Bethânia. O autor sente o poema como um produto totalmente seu e considera que escrevê-lo é a arte que mais o
recompensa. No entanto, para fazer poesia é importante aprender a lê-la. A paixão pela poesia surge da leitura de poemas e estes falam de muitas maneiras. “A leitura do poema exige um comprometimento do leitor com o texto.”

Questionado por uma aluna sobre o facto como os escritores lidam com a inspiração no seu dia-a-dia, Antonio Cícero refere que “há um lado da poesia que é incontrolável, imponderável e indefinido” proporcionado pela inspiração. Já Carlos Quiroga, relativamente à mesma pergunta afirma que “não há um momento mágico em que algo se revela, o que existe são condições adequadas ao trabalho”. O professor de Literatura acredita na inspiração como conceito, condições objectivas como o espaço, o silêncio, o tempo e a disposição do autor é que definem o que é produzido pelo poeta no momento da escrita.

O escritor galego, autor de livros do âmbito lusófono, demonstrou a sua preocupação em aproximar a realidade cultural da Galiza em todas as suas dimensões, nomeadamente as da Língua e da Literatura  à Lusofonia.

“Galego, Português e Brasileiro são três falas da mesma língua” afirma Carlos Quiroga neste agradável encontro literário com alunos do ensino secundário.