Depois das boas vindas, com a apresentação de três
músicas pelo Grupo Coral da escola, os escritores iniciaram uma conversa com os
estudantes que durou cerca de duas horas.

 Como o grupo coral que tinha acabado de
actuar, Inês Pedrosa começou por dizer que todos temos uma “voz” diferente e
coisas diferentes para acrescentar ao mundo. Sendo na pintura, na escultura, na
fotografia ou noutra área qualquer, o importante para a escritora é cada pessoa
fazer aquilo que mais lhe interessa. A autora confessou que, quando decidiu
seguir o curso de Ciências da Comunicação, o seu pai tentou demovê-la,
preferindo que ela seguisse Direito. Inês Pedrosa, no entanto, perseguiu o seu
sonho começando a estudar o curso que tinha escolhido e trabalhando, ao mesmo
tempo, n’O Jornal. O seu objectivo sempre foi escrever romances, por isso,
podia ter optado por um curso de Literatura, só não o fez porque “tinha pavor
de enfrentar turmas de alunos da vossa idade se fosse professora. A ironia é
que me vejo constantemente nesta posição”.

Sobre o
seu interesse pela leitura quando era jovem, Inês Pedrosa afirmou que surgiu
naturalmente porque havia muitos livros em sua casa. A autora da obra Fazes-me Falta considera que “não há
educação sem exemplo”.

A
conversa com José Leitão era muito esperada por um grupo de alunos que mantém
activo o teatro amador na escola. O director do Teatro Art’Imagem e do Fazer a Festa – Festival Internacional de Teatro para a Infância e
Juventude
, afirmou que prefere trabalhar como encenador do que como actor,
já que, como responsável por uma companhia tem imensas questões burocráticas
para resolver. “Uma companhia de teatro assemelha-se a uma empresa”, ironizou o
convidado. Uma das questões levantadas pelos alunos foi “o que acha do teatro
em Portugal?”. José Leitão explicou que há companhias de teatro em todas as
capitais de distrito do nosso país e, só no Porto, existem vinte. Os
portugueses não vão ao teatro apesar de haver uma oferta muito grande, para
todos os gostos. “Há peças clássicas, alternativas, boas e más”, contou o
convidado.

Sobre a
literatura e o teatro, José Leitão diz que, por vezes, sente-se um vampiro, já
que “vou ‘sugar’ os textos dos escritores e transformo-os para o palco”.

À cubana
Karla Suaréz, todas as perguntas foram feitas em espanhol, visto que existe a
aprendizagem da língua na Escola Secundária Rocha Peixoto. O seu gosto pela
escrita começou quando ainda era muito jovem porque, como a própria confessou
“gostava de contar mentiras”. Aos alunos surpreendeu o facto da escritora ser
também engenheira informática, visto serem áreas tão distintas. Karla explicou
que sempre manteve uma paixão por ambas as disciplinas: letras e ciência.
Quando era adolescente “pensava que iria fazer alguma descoberta fantástica na
área da ciência e fui para a faculdade com este objectivo. Formei-me em
engenharia e a escrita era um hobbie. Hoje, a escrita é a minha profissão e a
engenharia é um hobbie. Pelo menos, ao contrário de muitos colegas, nunca tenho
problemas com o meu computador quando estou a escrever”, brincou a escritora.

Ir a Cuba, só de férias. Karla Suaréz vive em Paris
e não está nos seus planos regressar definitivamente à ilha, já que “gosto de
pensar que se me apetecer posso ir a pé até onde eu quiser e ser livre”.