“Quando gostamos muito de alguém, as palavras limitam-nos porque queremos dizer muito mais do que aquilo que as palavras dizem”, explicou a escritora. “Muitas vezes os escritores têm necessidade de inventar palavras pois sentem-se limitados por aquelas que já existem. Queremos mostrar uma imagem e não existem palavras para a descrever”, continuou. Para Luísa Monteiro, “um escritor fala muito de si embora crie imensas personagens.” A autora, que prefere o romance e está neste momento “apaixonada pela dramaturgia”, contou que, por ter asma desde os dois anos e, por isso, não se poder cansar para não provocar crises, a mãe não a deixava correr como as outras crianças. “Cresci dentro de um quarto a ver, da minha janela, as outras meninas correrem e pularem. Então, a minha irmã, que queria ser cabeleireira, propôs-me o seguinte: eu deixava-a fazer experiências no meu cabelo e ela ensinava-me a escrever. Eu concordei e a partir daí inventei personagens que me faziam companhia.”

Luís Silva, ilustrador, concordou com a escritora: “quando queremos mostrar a alguém o que sentimos, seja carinho ou raiva, as palavras, muitas vezes, limitam-nos. Mas, outras vezes, os desenhos também são limitativos.” Para exemplificar esta ideia, Luís Silva mostrou o seu Livro da Avó. A obra mostra, através de desenhos, como esta figura feminina marcou profundamente a vida do ilustrador. No entanto, e para mostrar como as ilustrações também podem ser limitativas e há coisas que só as palavras conseguem transmitir, Luís Silva revelou a última página do livro, onde se pode ler fazes-me falta.