Maria Teresa Horta e Aida Gomes apresentaram os seus mais recentes trabalhos, nomeadamente, A Paixão segundo Constança H. e Os Pretos de Pousaflores.

A Paixão segundo Constança H. traz consigo toda a violência e todo o sofrimento daquele a quem coube em sorte viver num mundo em transformação, onde os valores tradicionais da família e os afectos a que nos tínhamos habituado a considerar mais estáveis resvalam, gradualmente, para um terreno movediço e irrespirável.

Os Pretos de Pousaflores conta a história de Silvério. Fugindo ao destino que a mãe lhe traçara, deixou a aldeia de Pousaflores aos dezoito anos pela promessa de uma vida melhor em África; mas, à chegada, os primos trocaram-lhe as voltas e acabou entre soldados negros na campanha de pacificação de uma tribo violenta. Foi, mesmo assim, entre os derrotados que sobreviveu.

Agora, quase quarenta anos volvidos, Silvério está de regresso a Pousaflores. A guerra civil eclodiu em Angola e, se o seu coração é negro, a sua pele não engana e ainda ontem lhe mataram o melhor amigo. Com três filhos mulatos pela mão – todos de mães diferentes –, resta-lhe na aldeia uma irmã amarga, beata e com reumatismo. Que futuro poderão esperar Justino, Belmira e Ercília num lugarejo onde são vistos como «os pretos de Pousaflores»? E a mulher que Silvério abandonou em Angola num pranto inconsolável, estará disposta a abdicar da filha para sempre?

Com um leque de vozes admiravelmente distintas – ora hilariantes, ora comoventes e poéticas –, Aida Gomes narra em Os Pretos de Pousaflores a história de uma família marcada pelas circunstâncias, acompanhando a memória do passado colonial, o definhar do império, a guerra em Angola e o mundo de exclusão que tantos empurra para o abismo. Belo e profundo, com personagens apaixonantes e cenas inesquecíveis, este romance não deixará ninguém indiferente.