Ivo Machado principiou a sessão, moderada por João Céu e Silva, com a leitura do poema Noite Senhora Minha, de Ana Luísa Amaral, que descreve a “senhora noite desvelada” como “mãe” e “amiga”, uma “casa onde sou senhora como tu. Senhora noite, rainha do silêncio”. O poeta natural da Ilha Terceira confessou, deste modo, a saudade que sente por aquela que foi considerada uma das mais relevantes poetisas portuguesas do século XX.

Para João Luís Barreto Guimarães o verso proposto para tema desta mesa funciona como um bom exercício de imaginação “que Ana Luísa Amaral ainda estará cá presente”. “A melhor homenagem a Ana Luísa Amaral é recordar as suas palavras e falar sobre poesia, como ela tanto gostava de fazer”, concluiu o autor.

Margarida Ferra confessou a sua admiração pela poetisa, recordando episódios “alegres e cómicos” passados em convivência, que lançaram sementes para alguns dos seus próprios trabalhos. Citando o verso que deu o mote à conversa, a autora lisboeta considera que “a linguagem é interruptor para o medo do escuro e a escrita foge ao dia e desenha o que separa o direito do avesso”.

Coube a Ondjaki concluir a Mesa 4 com a sua intervenção, num momento de recordação dos “versos e palavras da Ana Luísa”, que vê como “simultaneamente bonito e doloroso, porque a dor também pode ser sorriso e celebração”.  Para o escritor angolano as palavras “levam-nos a sítios dos quais é impossível regressar” e “cada vez que nos morre um amigo desarrumamos o coração e não sabemos onde pousar a palavra saudade, porque não é a palavra morte que nos dói, é a palavra ausência”.

Consulte o programa completo e acompanhe o 24.º Correntes d´Escritas no portal ou nas redes sociais da Câmara Municipal.