Coube a Cláudia Andrade a honra de abrir a Mesa final do último dia oficial do grande festival literário. A romancista lisboeta recordou os tempos da sua adolescência em que aprendeu “a trautear o poema de cor”. Desde cedo, suspeitou de “versos em falta”, porque não há sonho sem pesadelo e este poema é “uma reação visceral à ditadura e ao controlo do pensamento”.

João Gobern, “ontem como leitor e hoje como personagem” do Correntes, considera que “é das crises que irrompem as oportunidades”. Depois de uma honesta descrição, o multifacetado jornalista explicou que “após seis décadas com memória minuciosa e sem previsão de esquecimentos súbitos, não contem comigo para cenários de guerra”, nestes dias de “insanidade e loucura”.

Ondjaki leu um “pequeno texto sobre equívocos” e recordou a ausência sentida de Luis Sepúlveda e outros grandes escritores que já passaram pela Póvoa de Varzim. O prosador e poeta angolano entende que “boas histórias trazem sorrisos, a guerra não”, pois é um “dos maiores exercícios de estupidez” que nos faz “descomandar o sonho” da Pedra Filosofal de António Gedeão. E, no final, “os restos da guerra ficam nos olhos das crianças”.

À distância do digital, Onésimo Teotónio de Almeida concluiu a Mesa 8 com um agradecimento à “magnífica equipa que organiza o Correntes d’Escritas”. O autor não nega os “tempos depressivos” que vivemos, mas optou por lembrar a “importância de resistirmos e aguentarmos na esperança de tempos melhores”, bem viva no sonho do poema que deu mote a esta conversa.

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