O Secretário de Estado reconheceu que “desde a sua génese, este festival pioneiro – Encontro de Escritores de Expressão Ibérica – tem dado voz à imensa diversidade das culturas que partilham as línguas ibéricas bem como às diferentes condições que cada uma contem, ultrapassando as fonteiras da geografia, dos idiomas, das condições socioeconómicas e dos géneros”.

Entre os 106 escritores participantes, Nuno Artur Silva destacou Hélia Correia, a escritora homenageada com a Revista do encontro, “pelo que coloca nas suas obras, mas também na sua participação cívica é um exemplo do que as palavras podem, de facto, alcançar”.

Continuou salientando que “o encontro promove o contacto entre autores e o seu pública, com esta cidade e toda a sua tradição literária. Desta forma, participa-se na promoção dos hábitos de leitura e na possibilidade de fazer chegar a um público mais alargado e, por vezes, mais afastado da leitura não só os escritores, mas os livros”.

Reconhecendo a importância que o Correntes d’Escritas tem vindo a alcançar ao longo dos anos, o Secretário de Estado definiu-o como “uma verdadeira celebração da escrita e da cultura em todas as suas dimensões. Com a dedicada persistência dos diversos executivos, o Correntes d’Escrita contribui para a resistência ao centralismo, ao afunilamento da oferta cultural, contribuindo para a criação de lugares e eventos de interesse disseminados pelo território que é a base e o espaço natural da cultura”.

O Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, Aires Pereira, apresentou o seu “Roteiro para a cidade feliz” assumindo que “o que eu quero, o que nós aqui queremos, é uma cidade feliz – causa e consequência da felicidade dos que aqui habitam”, acrescentando que “a felicidade tem mais a ver com o verbo estar do que com o verbo ser: somos felizes quando estamos felizes”.

O edil reconheceu que “a transformação da Póvoa numa cidade feliz depende de mim (enquanto gestor desta polis) e de vocês – ou seja, do encontro e da conjugação dos nossos contributos. A leitura – o prazer que todos partilhamos – torna-nos, comprovadamente, mais felizes, menos agressivos, mais otimistas”.

Neste sentido, o Presidente transmitiu que “reafirmamos, por isso, o propósito de sermos reconhecidos como Cidade Criativa – a partir da Literatura, tanto na vertente da leitura como na da criação literária. A Póvoa tem uma conhecida e histórica vocação intercultural; foi berço de nomes maiores da nossa literatura – pelo que o “Correntes” veio dar notoriedade a essa marca da nossa identidade cultural, impulsionando-a para a relação com os países de expressão ibérica e, particularmente, com os de língua oficial portuguesa.

A Póvoa de Varzim é, igualmente, na sua Área Metropolitana, o “locus da literatura”, pelo que, em presença da sua própria malha de contactos, pode assumir, na Rede das Cidades Criativas a que, entretanto, aderirá, a representação de territórios e de culturas em posicionamentos geoestratégicos tão diversos quanto enriquecedores para o conjunto das cidades-membros. Não importa quando atingiremos a meta do reconhecimento internacional. Importa é o caminho”.

A este propósito, Aires Pereira anunciou que “a Póvoa vai ser local para contar histórias (todo o ano – e não apenas agora): a mobilidade artística criativa vai marcar presença entre nós. O “Correntes” vai alojar um outro evento: um “Mercado da Literatura”, que lançaremos em próxima edição.

Este é o nosso roteiro para a cidade feliz que ambicionamos ser. À colaboração de quantos, ao longo deste processo, têm estado connosco, juntamos, neste ano e futuros, cidades das várias latitudes onde as expressões ibero-americanas potenciam uma fraternidade cultural crescente.

Quero, por isso, agradecer, fraternalmente, a presença de Barcelona e Óbidos, cuja companhia muito nos honra e responsabiliza”.

Terminou agradecendo também, de modo especial, a Luís Diamantino, que com “inegável disponibilidade e espírito de partilha” organiza o evento e a Manuela Ribeiro pela forma como se entrega “apaixonadamente” ao Correntes estando “disponível 24 horas”.

Em representação do Casino da Póvoa, Susana Saraiva, transmitiu que era uma honra receber a cerimónia de abertura do evento, acrescentando que o Casino estava desde a primeira hora com o Correntes d’Escritas.

Um momento sempre importante desta cerimónia é o lançamento da Revista (nº 19), cujo dossiê deste ano é dedicado a Hélia Correia.

A escritora homenageada agradeceu, “com muito apreço e ternura, as manifestações de afeto e carinho, que cala muito fundo o meu coração porque os valores humanos mais profundos estão ligados aos afetos e não a qualquer espécie de visibilidade social”.

Hélia Correia aproveitou ainda para saudar “este fenómeno da literatura que são as Correntes. Aqui é a festa do livro, de quem escreve, de quem lê, a festa de quem ama a literatura tal como ela existe e resiste e se afirma em todo o seu esplendor ainda nos dias de hoje. A literatura tem aqui uma casa maravilhosa onde gosta muito de habitar e somos todos muito felizes durante esta semana, todos os anos”.

Quanto aos Concursos Literários, Sua Excelência, de Corpo Presente, de Pepetela (D. Quixote) é a obra vencedora do Prémio Literário Casino da Póvoa 2020, no valor de 20 mil euros.

Apesar de não estar presente na sessão desta manhã, o escritor angolano deixou uma mensagem: “fico muito feliz por me ter sido atribuído o prémio. Agradeço à organização e ao júri por esta honra e encorajamento a persistir na escrita. Não posso participar do ato de entrega porque, estando em Luanda e tendo sido operado a uma hérnia, ainda não estou liberado para viajar ou fazer qualquer esforço físico adicional. Decerto, compreenderão. Vou contactar, depois do anúncio oficial, a editora D. Quixote que terá alguém a representar-me. Muito obrigado pela boa-nova”.

O conto Relógios Parados de Ana Sofia Franco Trigo, que concorreu com o pseudónimo de Jieun, foi o escolhido para o Prémio Literário Correntes d’Escritas Papelaria Locus.

Em relação ao Prémio Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora, receberam os prémios os autores dos seguintes trabalhos: primeiro lugar: “Tempestade no Rio”, do 4º C, da Escola Básica de Venda do Pinheiro, Venda do Pinheiro; segundo lugar: “Os Ponteiros Apaixonados”, do 4º Q, EB 1 com PE e Creche Eng. Luís Santos Costa, Machico (Madeira); terceiro lugar: “A Mala da minha professora”, do 4º A, Colégio Paulo VI, Gondomar. Foram ainda atribuídas as seguintes menções honrosas: Texto e Ilustração: “Há Fogo no Pinhal do Rei”, do 4º 42, EB do 1º CEB de Quinta do Alçada, Leiria; Texto: “Um Mergulho na História”, do 4º B, Colégio D. José I, Aveiro; “O Espelho do Xavier”, do 4º A, EB José Manuel Durão Barroso, Armamar; Ilustração: “Uma Aventura no concelho de Aljezur”, do 4º 2, EB1/JI de Odeceixe, Odeceixe; “Seano, Super Herói”, do 4º A, EB1/JI Pde. José Manuel Rocha e Melo, Lisboa.

Álvaro Manuel Oliveira Maio, de Esposende, que concorreu com o pseudónimo de “Zé Pescadinha”, foi o vencedor do Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha Correntes d’Escritas 2020, no valor de 2000 euros, com o trabalho “Ala Ala Arriba”.

As atas das reuniões do júri para seleção dos trabalhos a premiar estão disponíveis aqui.

Acompanhe o Correntes d’Escritas. Consulte o programa completo.