O estado de saúde não deixou que o pintor estivesse presente mas à Póvoa deixou palavras de agradecimento, lidas por Zulmiro de Carvalho, professor de Belas Artes, numa cerimónia inaugural onde marcaram presença José Macedo Vieira, Presidente da Câmara Municipal, Luís Diamantino, Vereador do Pelouro da Cultura e Dionísio Vinagre, do Casino da Póvoa. “Estar agora na Póvoa de Varzim será como dela não ter saído”, transmitiu, numa clara alusão ao facto de ter leccionado na cidade em 1954, na Escola Comercial e Industrial, circunstância que funcionou como inspiração para as diversas obras realizadas então pelo pintor e que agora são revisitadas através desta exposição. Dela fazem parte desenhos e pinturas elaborados a partir de 1958, detendo-se nos trabalhos recentes que Júlio Resende produziu em 2007.

No catálogo dedicado à exposição, e que o Museu Municipal irá ter à venda, Júlio Resende escreve mesmo que “cinquenta anos não fizeram esquecer os alunos de então e o seu entusiasmo por essas aulas tão perto dos barcos aguardando novas investidas no mar”. Um cenário sempre presente na vida do pintor e que por isso o levou a dedicar a exposição “a todo o Poveiro, talvez como uma das últimas exposições da minha vida”. Sobre as pinturas expostas, Júlio Resende explica que estas resultaram “de vários locais por onde passei, interessando-me pelo modo como o homem e a paisagem sempre constituíam uma dualidade onde quer que ele se encontre e Continente fora. Não surpreendem as técnicas de circunstância empregues, o Desenho e a Aguada, o bloco e a garrafinha de água e o saco onde tudo se leva a tiracolo: até o sonho… A exposição também compreende igualmente a pintura a óleo, aquela que nunca deixei de praticar, identificando-me a um estilo expressionista que não escondo”.

A exposição, cuja abertura se insere nas Festas de S. Pedro que decorrem na cidade até 4 de Julho, vai ficar patente até 19 de Setembro. A entrada é gratuita.