A inauguração decorreu no passado sábado e, durante um ano, poderá conhecer as cinco esculturas que a empresa Ecosteel emprestou ao Município e que fazem parte desta mostra. Uma sexta escultura foi adquirida pela Câmara Municipal.

A empresa Ecosteel, proprietária da marca Otiima, foi fundada por José Maria Ferreira há 30 anos e dedica-se ao design, construção e venda de portas, janelas e outros elementos em metal. Com o objetivo de produzir arte a partir do entulho, a Otiima ArtWorks desafia artistas a intervir, criar ou modificar materiais inutilizáveis e resultantes dos desperdícios da produção industrial da empresa da Póvoa de Varzim. Ferro, aço, vidro ou alumínio são algumas das matérias-primas disponíveis.

Na exposição “Arte na rua” irá encontrar Birds, de Álvaro Siza Vieira, Mulher, de Joaquim Álvares de Sousa (ambas na Praça do Almada), Bodyphonic 1 (na Marginal Norte) e Bodyphonic 2 (na Avenida 25 de Abril), ambas do Colectivo Dose, Uma porta, uma janela, um tesserato e o mundo, de João Louro (em frente à Biblioteca Municipal) e, finalmente, Janus Bifrons, de Ricardo Wolfson, na Avenida dos Descobrimentos.

E foi junto a esta última obra de arte, a única adquirida pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, que se viveu a ocasião mais terna de toda a manhã. Ricardo Wolfson faleceu em 2016 e, para homenagear o artista, os seus dois filhos – para quem reverterá o valor resultante da venda desta escultura – foram protagonistas de dois momentos musicais. As duas crianças, acompanhadas pela sua mãe, viram pela primeira vez a obra de Ricardo Wolfson no local onde irá viver: virada para a Argentina, sua terra natal, e contemplando o mar, a sua grande inspiração.

O Presidente da Câmara Municipal, Aires Pereira, agradeceu o gesto de José Maria Ferreira, da Otiima, e afirmou ter sido “um ato altruísta ter disponibilizado estas obras de arte para que as pessoas tenham acesso de forma gratuita e embelezando a cidade”. O autarca não deixou de frisar os funcionários da empresa, que acompanharam a inauguração, dizendo que sem eles, “nada disto seria possível”.

“Sem arte, as cidades seriam todas iguais”. 

Quanto à obra de Ricardo Wolfson, Aires Pereira explicou que a sua posição não foi escolhida ao acaso: “está virada para a Argentina, país do artista e do qual ele tanto gostava”.

Sobre Janus Bifrons, escultura que faz agora parte do cenário poveiro: na mitologia romana, Janus representa o Deus de começos e transições; das portas, as passagens, as terminações e o tempo. Janus olha para o futuro e para o passado simultaneamente.