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Nesta quarta-feira do nosso Correntes d'Escritas, ouviu-se - mais do que nunca! - ecoar o som da liberdade na sala do Cine-Teatro Garrett. As Mesas 3 e 4, intituladas respetivamente Ontem apenas fomos a voz sufocada e Há que fazer-nos ao mar ou ficaremos cercados, suscitaram reflexões muito interessantes.

De manhã, a Mesa 3 versou sobre Ontem apenas fomos a voz sufocada, da música Somos Livres, de Ermelinda Duarte. Ana Marques Gastão, Gisela Casimiro, João de Melo, José Mário Silva e Juan Vicente Piquetas juntaram-se à conversa, com moderação de Isabel Lucas.

A discussão principiou com Ana Marques Gastão que se debruçou, numa análise profunda, sobre a ambição e esperança de sermos livres. Gisela Casimiro partilhou a sua definição de liberdade, que “tem mais rostos que bandeiras e mais filhos que fronteiras”. João de Melo refletiu sobre a “liberdade livre que vivemos no pós-25 de Abril” e José Mário Silva lembrou as memórias de uma infância colorida por esses tempos. A concluir a Mesa 3, o poeta espanhol Juan Vicente Piqueras lembrou que a Revolução dos Cravos foi “uma das poucas revoluções que funcionaram e não se converteu num fracasso”.

Já a tarde arrancou com a ondulação do verso Há que fazer-nos ao mar ou ficaremos cercados, retirado da música Erguem-se muros, da autoria de António Ferreira Guedes. Com moderação de Patrícia Portela, a conversa da Mesa 4 juntou Afonso Cruz, Dany Wambire, Filipa Fonseca Silva, Madalena Sá Fernandes e Marta Bernardes na sala principal do Cine-Teatro Garrett.

Com recurso a quadros históricos e algumas fotografias de sua própria autoria, Afonso Cruz abordou “a relativa tranquilidade e serenidade” nos momentos que se seguem a momentos traumáticos. Para Marta Bernardes, o momento é de fala difícil, mas “falar está urgente” porque “as palavras importantes já foram todas ditas, mas ninguém ouviu. A História é uma extraordinária professora, mas não tem alunos.”

Filipa Fonseca Silva considera que “já estamos cercados pelo marasmo, conformismo, política de cancelamento e rejeição do feminismo e parece que poucos deram por isso”. Bem familiarizado com o tema, Dany Wambire sublinhou que “o mar que nos salva é o mesmo que nos mata e precisamos de estar vigilantes para cortar o mar pela raíz”. A finalizar a conversa na Mesa 4, Madalena Sá Fernandes ressaltou que é “impossível nadar em terra firme” e para aprender a nadar é necessário “usar o medo como aliado e dar um salto, através de um ato de vontade”.

De modo a permitir que todos os cidadãos tenham acesso à programação do Correntes d’Escritas, em plenas condições de igualdade e de inclusão, esta edição contará com um intérprete de Língua Gestual Portuguesa em cada Mesa, resultante de uma parceria entre Município e a Associação de Surdos do Porto. Para os que não tiverem oportunidade de assistir presencialmente, os vídeos completos ficam disponíveis no canal do YouTube da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Acompanhe todas as notícias relativas à 25.ª edição do Correntes d’Escritas aqui e consulte o programa aqui. A entrada é livre.

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