O lançamento dos livros aconteceu esta tarde no âmbito da 21ª edição do Correntes d’Escritas.

Germano Almeida é da casa. Amigo do Encontro de Escritores de Expressão Ibérica desde o seu nascimento, o escritor cabo-verdiano trabalha para ser lido, essencialmente, pela sua gente e não tem a pretensão de ser lido em Portugal, no Brasil ou em qualquer outro país.

Este ano trouxe-nos O último mugido: Mariza ficou parada a apreciar as estrondosas palmas com que as suas palavras foram coroadas. A seguir estendeu o braço para o presidente da Câmara, que a ajudou a descer no estrado. Um dos jovens entregou-lhe uma tocha acesa e ela encaminhou-se devagar para junto do caixão.

Este é o seguimento de O Fiel Defunto, o anterior livro de Germano Almeida, que tinha acabado com o assassínio do escritor pelo seu melhor amigo. Neste, a sua mulher, Mariza, vai regressar da América para executar o testamento do escritor, nomeadamente a sua cremação pública numa praça do Mindelo.

O dia em que Charles Bossangwa chegou à América põe em cena relações de personagens masculinas e femininas, no estado adulto mais desapiedado, cruel e sacana que se possa imaginar. Desmantelam não só as ideias feitas sobre a pós-independência, que outros também trataram, mas sobretudo derruindo sem qualquer centelha de exotismo a instituição familiar e as relações aparentemente livres e igualitárias de homens e mulheres numa nova sociedade, atingindo assim o cerne da célula burguesa. 

João Melo nasceu em 1955 em Luanda, onde mora. É escritor, jornalista, publicitário, professor universitário e consultor. Membro fundador da União de Escritores Angolanos, de que foi secretário-geral e presidente. Membro fundador da Academia Angolana de Letras. Foi deputado e ministro. Agora, disse, está reformado e vai dedicar-se inteiramente à escrita.

Para Lopito Feijóo, quando queremos assumir a condição de formadores de consciência, devemos fazer intervenção social, tanto dentro como além-fronteiras. A obra é um apelo e, ao mesmo tempo, uma chamada de atenção para o processo de mudança que está a acontecer atualmente na sociedade angolana. Segundo o escritor, Angola deve resolver de uma vez por todas os seus problemas de maneira a que o povo não continue a ser afetado socialmente, economicamente e culturalmente.

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