Maria do Rosário Pedreira deu início à conversa, moderada por Minês Castanheira, e considerou que “não há festival como o Correntes d’Escritas em matéria de afetos”. Para a poetisa e letrista portuguesa o 25 de Abril foi um “rasgão e um corte com o passado”, pois, “num pulo, passámos a ser da Europa e do Mundo”. André Neves veio ao Correntes d’Escritas “incentivar a uma inquietação ininterrupta”. Com o “humilde objetivo de provar o argumento da mesa”, o poeta-músico alertou que a “comunicação é um telefone estragado sem o fim que nos liga”.

De regresso ao Correntes d’Escritas, Pedro Abrunhosa vê a palavra e a música como decisivas para a “vitalidade no mundo interior do outro”. “A arte não tem de ser bela, tem de nos tirar da zona de conforto, colocar no desconforto, metralhar o establishment” e colocar na agenda mediática questões para as quais as pessoas podem estar distraídas.

“Velho residente das Correntes d’Escritas”, Sérgio Godinho deu exemplos concretos de “como uma canção começa a existir a partir de um poema”, recordando os tempos em que “ainda antes de ter repertório próprio”, cantava canções revolucionárias “em locais de trabalho ocupados”. Por fim, Amélia Muge, para quem o tema da mesa remete para a frase “quando dizemos uma coisa é sempre com intuito de chegar a outra coisa”. A cantora, instrumentista e compositora vê o pensamento a valer ouro, um local “onde ninguém é prisioneiro e não há guardas”.

A tarde de quinta-feira no Cine-Teatro Garrett coloriu-se com a apresentação de mais seis livros: Ástato, de Raquel Patriarca; Chumbo, de Ricardo Marques; A Festa Acabou, com texto de Ricardo Marques e ilustração de Rui Zink; A Escola e os Cravos, de Luísa Lobão Moniz; Falência, de João Paulo Sousa; Geografia do Medo, Francisco Duarte Mangas; Os Homens dos pés redondos, de Antônio Torres. Veja todas as fotos das iniciativas desta edição aqui.

De modo a permitir que todos os cidadãos tenham acesso à programação do Correntes d’Escritas, em plenas condições de igualdade e de inclusão, esta edição contará com um intérprete de Língua Gestual Portuguesa em cada Mesa, resultante de uma parceria entre Município e a Associação de Surdos do Porto. Para os que não tiverem oportunidade de assistir presencialmente, os vídeos completos ficam disponíveis no canal do YouTube da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. Acompanhe todas as notícias relativas à 25.ª edição do Correntes d’Escritas aqui e consulte o programa aqui. A entrada é livre.